Gestão de risco
“Resilience is something that you realize you have after the fact”.
Hoje, a palavra resiliência, está na berra. Queremos ser resilientes, queremos equipas resilientes, queremos negócios resilientes. Há quem diga que, para sermos resilientes, precisamos de três qualidades ao mesmo tempo, ou seja, não dá para excluirmos uma e pensar que nos “safamos”se tivermos duas. Parecem-me bastante óbvias, mas de facto, o óbvio, é muitas vezes difícil de reconhecer. Aqui vão: – aceitar a realidade; crer, alicerçado em fortes valores, que a vida tem sentido; e saber improvisar. Olhemos rapidamente para as três características.
Ser resiliente não quer dizer que somos por natureza otimistas, mas sim, que temos os pés na terra, o que nos garante um elevado instinto de sobrevivência e âncoras à realidade, atitude exigente se pensarmos que a realidade é tantas vezes dura e difícil de aceitar. De facto, enfrentando a realidade, treinamo-nos e preparamo-nos para enfrentar a situação antes de ela acontecer. A procura do sentido, do propósito, mesmo em momentos extremamente difíceis e duros, é igualmente decisiva na qualidade de ser resiliente. A construção de pontes entre a dureza do momento e o futuro desejado, anulam a sensação de um presente que nos ultrapassa com a sua exigência. Uma das formas de treinar a resiliência, que tantas vezes confundimos com resistência, é facilitar a construção do propósito de vida, num contexto diário, fazendo emergir competências e atitudes. A terceira grande característica da resiliência é fazer tudo o que estiver ao nosso alcance com os recursos que temos. Brincando, assumirmo-nos como verdadeiros especialistas em bricolage, isto é, ter habilidade para improvisar uma solução sem termos necessariamente as ferramentas e os recursos “certos” para o fazer. Também há quem goste de dizer “se temos limões, fazemos limonadas”. Em síntese, podemos dizer que a resiliência é um reflexo de como olhamos, compreendemos e enfrentamos o mundo.
Diálogo interior e foco
Chegando aqui, faz sentido partilhar duas formas de nos tornarmos pessoas mais resilientes: uma, falarmos connosco próprios, outra, treinarmos o nosso cérebro. Vejamos mais de perto. Se experienciamos um enorme fracasso, fica aqui a sugestão de encetar um diálogo positivo e resgatarmos uma atitude positiva perante o que aconteceu. Mesmo em situações mais simples e menos danosas, que fazem parte do nosso dia a dia, como pequenos fracassos, irritações e situações menos agradáveis, temos sempre a oportunidade de o fazer. Sabemos hoje que, em situações que nos causam stress, uma parte do nosso cérebro responde acionando o gatilho da fuga ou da luta. Retreinar o nosso cérebro para ser mais resiliente, é retreinar a nossa capacidade para recuperar destes estados de stress, de fuga, luta ou congelamento, e voltarmos a um estado inicial onde conseguimos recuperar o foco na ação. A prática de mindfulness contribui bastante para estarmos cada vez mais aptos a recuperar e a responder em momentos de stress. Está provado que se praticarmos mindfulness por um período de 20 minutos diários, durante oito semanas, os sinais neurológicos e fisiológicos são visíveis.
Enfrentar o erro e saber parar
Face ao que temos vindo a dizer, para dar resposta a situações adversas e recuperarmos, é fundamental identificarmos e confrontarmo-nos com o erro. Relembramos: o erro é o início de alguma coisa e não o fim; ajudar os outros a lidar com o erro e a ter uma visão de futuro é igualmente crucial; construirmos um diálogo e uma narrativa sobre o que aconteceu e sobre como lidamos com o processo é igualmente importante.
Não podemos deixar de reforçar que a resiliência tem muito mais a ver com a forma como nos recuperamos do que como resistimos.
Excesso de trabalho e exaustão são o oposto de resiliência. A chave para a resiliência é trabalhar de forma muito consistente, saber parar, recuperar e trabalhar de novo. Esta conclusão é baseada na homeostasia, um conceito fundamental da biologia, relativo à capacidade que temos de continuamente restabelecermos o nosso equilíbrio.
Sendo um tema quase inesgotável, e ao qual voltaremos muitas vezes, deixamos mais umas pistas: escrever diariamente com um olhar construtivo sobre os nossos acontecimentos de vida, contagiar outros com o lado positivo das situações, diversificar o nosso portfólio de experiências e desfrutar de todo o feedback que nos é dado, são ações concretas que fortalecerão a nossa resiliência e nos tornarão “imparáveis”. Saibamos nós parar!
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