Por Carlota Gouveia
A Geração Zillennial, uma microgeração nascida entre 1993 e 1998, surgiu devido ao facto de muitos Millennials (nascidos entre 1981 e 1996) não se identificarem na descrição da sua suposta geração. Paralelamente, também não se reveem completamente nos aspetos que caracterizam a geração Z (nascidos entre 1997 e 2012).
Afinal quem é esta nova geração e como está a moldar o mercado de trabalho?
A geração Zillennial é considerada a geração mais conectada de sempre, integrando facilmente novas tecnologias nas tarefas diárias do trabalho. Destacam-se pela familiaridade e fluidez digital, superando os Millennials na adesão a jogos virtuais e na utilização de redes sociais. Esta competência tecnológica torna-os ativos valiosos para qualquer ambiente de trabalho que valorize a inovação e a rápida adaptação às mudanças tecnológicas.
Algo que os diferencia das demais gerações é o facto de ainda viverem na casa dos pais. Segundo a Business Insider, esta é uma realidade que atinge os Zillennials nos EUA onde quase metade (48%) ainda vive com os pais. Poderíamos atribuir várias razões a esta realidade – que não atinge só os EUA, como bem sabemos – mas, a verdade é que a sua situação habitacional estável lhes dá alguma disponibilidade financeira para consumirem. Isso reflete-se em padrões de consumo mais conscientes, com uma preferência notável por produtos sustentáveis e éticos, onde a valorização da sustentabilidade ambiental sobre o nome da marca destaca uma mudança nas prioridades de consumo em comparação com as gerações anteriores.
Aliado ao seu padrão de consumo mais sustentável, surge também a preferência por hábitos de trabalho mais ecológicos como a possibilidade de trabalhar remotamente evitando deslocações longas e o seu consequente impacto ambiental. Esta geração, apesar de valorizar a conexão social, é altamente protetora do regime de trabalho híbrido. A preferência por flexibilidade de horário e da possibilidade de trabalhar em casa ou de qualquer outra parte do mundo reflete o desejo desta geração de construir uma vida profissional mais equilibrada.
A COVID-19 agiu como um catalisador para a validação dessas prioridades, forçando uma reavaliação do mundo profissional. As empresas estão a ser cada vez mais desafiadas a satisfazer os requisitos dos Zillennials, que agora consideram não apenas o fator remuneração, mas também o bem-estar, ética laboral e cultura da empresa ao ponderar oportunidades de emprego.
É aqui que esta geração desempenha um papel crucial na mudança de paradigmas relacionados à questão fundamental “Trabalhar para viver ou viver para trabalhar?”. Ao contrário das gerações anteriores que muitas vezes adotavam a mentalidade de “viver para trabalhar”, os Zillennials introduzem uma perspetiva mais equilibrada reconhecendo que o trabalho é parte integrante da vida, mas não o único aspeto que define a sua existência. Esta geração procura, de maneira mais acentuada, a realização pessoal fora do contexto profissional, valorizando experiências, conexões e o seu bem-estar.
A aposta na contratação de pessoas desta faixa etária representa um investimento em profissionais que procuram mostrar o seu profissionalismo, mas que compreendem que o “trabalho não é tudo”. Ao adaptar as práticas de gestão e retenção de talentos para ir ao encontro desta nova mentalidade, as organizações podem construir equipas mais envolvidas e produtivas. Estaremos perante uma transformação mais ampla, que promove uma cultura de trabalho que prioriza o bem-estar sem comprometer a excelência profissional?