por Carlota Gouveia
A relação entre o homem e a abelha data do período paleolítico, sendo a apicultura das mais antigas produções do mundo. Atualmente, a atividade é tida como estratégica para o desenvolvimento sustentável do espaço rural, enquanto fonte de rendimento e emprego e, em especial, pelo papel que desempenha na polinização de espécies nativas e cultivos agrícolas.
Alguns dos produtos que resultam diretamente da apicultura são o mel, pólen, propólis e geleia real. O interesse e valor comercial destes produtos têm vindo a ser cada vez mais reconhecidos globalmente, mas em Portugal tem ainda um peso residual.
Em 2017, o último ano para o qual o Instituto Nacional de Estatística (INE) dispõe de dados, existiam 1340 empresas dedicadas à apicultura – em 2013 estavam registadas apenas 900 empresas. Como seria de esperar, com o aumento do número de empresas cresceu o valor gerado nesta atividade, passando de 16 milhões de euros em 2013 para 22,5 milhões de euros em 2017.Ainda assim, a subida deste valor não é proporcional ao aumento do número de empresas. O que significa que, em 2013, cada empresa tinha, em média, um valor de negócios mais elevado.
Em Portugal, a atividade apícola caracterizou-se por um forte crescimento efetivo na qual registaram 767.650 colmeias em 2018 (+23% face a 2015). De acordo com os dados da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) de 2018, existem em Portugal cerca de 11.883 apicultores registados, correspondendo a um universo de aproximadamente 42 mil apiários e 768 mil colmeias. Embora o número de apicultores tenha vindo a aumentar, a produção de mel tem vindo a reduzir. Entre 2013 e 2016, a produção anual aumentou de cerca de 9,3 mil toneladas para 14,2 mil toneladas. No entanto, em 2017 a sua produção diminuiu significativamente (-25%), continuando a reduzir até 2018.
De acordo com os dados do INE, os portugueses consumiram 11 toneladas de mel durante o período 2019-2020, o que equivale a uma média de consumo de 1,1kg per capita num ano. Num estudo efetuado sobre as atitudes dos portugueses no consumo de produtos provenientes de colmeias, concluiu-se que há ainda um grande potencial para os produtos apícolas no mercado português, visto que cerca de 70% dos portugueses consome mel menos que 1 vez por semana. Algumas das razões enumeradas pelos portugueses para o seu ainda baixo consumo são o preço e o escasso conhecimento sobre outros produtos apícolas para além do mel tradicional.
Tendo em conta a importância das abelhas para o equilíbrio dos ecossistemas e sendo a UE a segunda maior região produtora de mel no mundo (230.000 toneladas), a Comissão Europeia tem vindo a atuar ativamente para a preservação deste setor. Nas campanhas apícolas de 2020-2022, serão gastos 240 milhões de euros em programas apícolas nacionais, revelando um aumento de 11% em comparação com o ano anterior. A afetação de fundos da UE a estes programas baseia-se no número de colmeias em cada país. Estes apoios serão particularmente relevantes para Portugal, pois tem enfrentado um período de seca grave, na qual tem atingindo especialmente as zonas do interior norte, com quebras a chegar aos 90%.
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Fontes:
https://revistas.rcaap.pt/rca/article/view/16568/13502
https://www.gpp.pt/images/PEPAC/Anexo_NDICE_ANLISE_SETORIAL___APICULTURA.pdf
https://smartfarmer.pt/somos-o-quinto-pais-da-eu-que-mais-importa-mel/